Muita gente não sabe, mas existem algumas regras para precificar corretamente as suas joias artesanais e não levar prejuízo em alguma venda mal planejada.
Eu imagino que ainda existam muitas artesãs que não precificam seus produtos e fazem vendas por preços muito mais baixos do que realmente valem, mas
se você é uma profissional experiente ou ainda está iniciando neste mercado e quer ganhar uma renda extra com o que você ama fazer, confira as dicas abaixo para entender melhor como calcular o preço para as suas obras.
1. Custo do material
Os custos dos materiais podem ser o fator mais importante na precificação das suas artes. Antes do lucro chegar, é necessário que primeiro você invista, no nosso caso ainda temos sorte porque podemos começar um negócio de miçanga com investimento inicial muito baixo, somente o valor das matérias-primas para a confecção das bijuterias. O seu investimento no negócio pode ir crescendo conforme o seu negócio vai te dando lucro.
Tudo o que você usar na peça deve ser anotado: o fio, as miçangas, o acabamento, as embalagens, e tudo o que você gastou para chegar ao produto final. Ao precificar as joias de miçanga, você tem que estar certa que o cálculo do preço está adequado aos produtos que está vendendo.
Você deve levar em consideração a dedicação do seu tempo, o custo dos materiais, o lucro e outros quesitos. Por exemplo: se os materiais que você comprou são mais caros, como as pedras preciosas, cristais, metais banhados a prata ou ouro, é claro que você vai vender essas peças a um preço mais caro. Muito justo. Na prática este seria um bom exemplo: se você gastou 15 reais em material, é claro que a sua joia nunca poderá ter o preço final para a cliente por menos que isso.
2. Horas trabalhadas
Você sabe muito bem que tempo é dinheiro, você já calculou quanto vale o seu tempo e a sua hora de trabalho? Se você não sabia, vai saber agora. É só continuar lendo.
Primeiro, faça uma autoavaliação, se você é uma profissional experiente, suas técnicas são perfeitas, se você pagou para fazer cursos, se possui ferramentas especiais, tudo isso valoriza o seu trabalho, portanto você pode cobrar mais caro por isso.
Aqui também você vai calcular os custos indiretos, como energia, passagem do transporte público ou o combustível do carro para comprar as suas matérias-primas, visitar uma cliente, etc. Isso tudo é investimento e deve ser levado em consideração.
Quanto você deseja receber no fim do mês? Quantas horas por semana você vai se dedicar a este trabalho? Por exemplo: supondo que 3 mil reais seja um valor inicial para esta fase de transição da sua vida e que dê para suprir suas necessidades financeira...e também supondo que você vai se dedicar 8h por dia de segunda a sexta, e continuando com as suposições, se o mês tiver 22 dias úteis, você terá trabalhado 176 horas por mês. Divida 3000 por 176 = 17 reais a hora. (Atenção que isso não é tudo, é apenas parte do cálculo).
* Pode ser no começo da sua carreira, você faça as bijuterias com uma velocidade mais lenta, porque você ainda está aprendendo as técnicas, então é bom baixar um pouquinho o valor da sua hora no começo de carreira, afinal se você gastou 3h para fazer uma peça poderia ser feita em 1h, não é justo que a cliente pague por isso.
3. Público-alvo
Para quem você vende? Onde as suas clientes moram? O que é caro ou barato para elas? Elas valorizam mais o preço ou o requinte das suas peças? Essas informações você precisa saber, para oferecer o produto certo para o público certo. Até quanto elas estão dispostas a pagar em um colar de miçangas?
O cálculo do preço das suas peças tem que ser feito e refeito, mas com flexibilidade, por exemplo: não adianta somar as 2 horas de trabalho (17 reais x 2h = 34 reais) + 15 reais do material que foi gasto para fazer uma peça que você tenha o custo de 49 reais, e simplesmente achar que o preço está correto, até porqu o preço correto é também um preço competitivo. Será que a sua cliente pagaria 49 reais ou mais em um par de brincos? Talvez sim, talvez jamais, rsrs. Sempre esteja com essa pergunta em mente para ver o que é viável ser aplicado.
O lado bom do nosso mercado é que ele está em crescimento, e muitos clientes reconhecem que algumas peças realmente levam tempo, e estão dispostos a pagar por isso, mas outros clientes ainda não.
4. Concorrência
Vamos começar este tópico com mais perguntas, rs.
Quantas pessoas também estão fazendo o que você faz? Quantas alternativas meus clientes e potenciais clientes têm? Nest post eu falo da importância de fazer a análise dos seus concorrentes!
As vezes a competição pode ser grande e justamente por isso, é uma boa ideia ver as 'vitrines' dos seus concorrentes. Se seus preços estiverem mais altos, talvez você tenha que ajustar ou mostrar um diferencial que justifique o preço mais alto. Se a sua peça é especial, eduque a sua cliente e explique o por quê dela valer mais. As pedras são semi-preciosas ou preciosas? O fio tem revestimento duplo? A obra-prima é importada ou sustentável? Use isso a seu favor, como argumento de venda e não tenha receio de exibir e vender o que os seus produtos tem de melhor.
5. Fator multiplicador
O fator multiplicador é uma boa prática na hora de precificar suas peças, porque pode acontecer de você se esquecer de algo durante essa jornada, ou não saber bem quanto custa tal coisa, então depois dos cálculos feitos, ele é multiplicado por 1.5 ou 2. Essa margem também permite que você negocie descontos quando o cliente comprar mais de uma peça ou for algum cliente que você tenha interesse em fidelizar.
Dica extra:
Guarde as notas fiscais de todos os seus gastos, anote quanto gastou com transporte, o tempo que levou fabricando peça X, Y, Z. De preferência tenha todas essas informações em uma planilha, ela te ajuda a ter um histórico e a fazer uma média quando você não conseguir precificar as suas joias para alguma situação atípica. Esse controle é importante porque quando a peça está pronta na embalagem e a cliente na nossa frente perguntando quanto custa, a gente esquece do quanto custou aquela peça, e a nossa ansiedade por vender, pode fazer com que a gente venda errado e não lucre nada. Então não deixe isso acontecer, saia de casa com os preços fixos e com os descontos máximos em mente.
Então vamos para uma simulaçãozinha final para a confecção de uma pulseira tripla:
- materiais: 4 reais
- horas trabalhadas: 12 reais e 75 centavos (45 minutos)
- fio de nylon comum: 0, 40 centavos
- embalagem: 1 real e 50 centavos
- fator multiplicador: 1.5
O preço final da sua pulseira tripla será de: R$27,97 (4 +12.75 + 0.40 + 1.50) X 1.5
Ufa! É muita coisa para se levar em consideração, mas o que eu citei não é tudo, ainda existem vários outros fatores que você deve levar em consideração na hora de precificar a sua peça artesanal da forma correta, como por exemplo: se a sua venda foi feita pela internet ela tem um custo diferente do que se a venda for feita por consignação ou se for uma venda direta para a cliente o preço também muda. O valor da marca também é algo para se calcular. Vou no futuro criar outros posts para tentar abordar outros fatores.
Quais outros fatores você usa para precificar a sua peça? Compartilha com a gente e vamos conversar mais sobre o assunto e tornarmos os nossos negócios ainda mais profissionais!